domingo, 29 de maio de 2016

Olericultura x Horticultura



Segundo Domingos P. F. Almeida, da Seção de Ciências Agrárias da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, (em seu artigo - De oleribus. Argumentos a favor da utilização do termo “olericultura” in: dalmeida.com/hortnet/apontamentos/olericultura.pdf)  a horticultura, no significado internacional do termo, engloba as fitotecnias em que as culturas são conduzidas com grande intensidade de atuação fitotécnica, justificada pelo elevado valor acrescentado dos seus produtos. A discussão sobre os termos adequados para designar as disciplinas hortícolas não é nova, nem se esgota neste ensaio, onde ele procura mostrar que a utilização do termo “olericultura”

1) é etimologicamente adequada;
2) contribui para a uniformização e clarificação da terminologia;
3) possui justificação histórico-linguística

O termo Horticultura é utilizado pela Associação Portuguesa de Horticultura em sentido lato, em consonância com a sua utilização nos círculos técnico-científicos internacionais, para designar a cultura de hortaliças, de fruteiras (incluindo a vinha), de plantas aromáticas e medicinais e de todas as plantas as plantas ornamentais. Assim sendo, a palavra tem necessariamente de ser adjetivada para se referir apenas às hortaliças

Etimologicamente a palavra “olericultura” significa cultura de hortaliças.
Mas será “olericultura” um termo apropriado para designar a disciplina que tem por objeto as hortaliças?

Olericultura é o termo atualmente utilizado pela Associação Portuguesa de Horticultura para designar uma vice-presidência, é nome de disciplina em diversas instituições portuguesas de ensino superior, dá nome à Sociedade técnico-científica brasileira que se ocupa do mesmo objeto. Universidades norte-americanas têm recentemente adoptado o termo olericulture para designar disciplinas onde se estudam as hortaliças, contra a tradição anglo-saxónica do simples vegetables.

Mas o termo olericultura e palavras com a mesma raiz estão disponíveis na língua portuguesa. O Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, editado no Brasil, onde a palavra olericultura é largamente utilizada nos círculos técnico-científicos, define olericultura como “cultura de hortaliças e legumes”.

A palavra “horticultura” existe no nosso idioma desde 1837 (Machado, 1967)1 .
Por que insistir agora em substituir um termo velho de quase 2 séculos por um nome que não é reconhecido pelo grande público e que grande parte daqueles que trabalham com as culturas ditas hortícolas tem dificuldade em aceitar?
Porque a utilização do termo Olericultura para designar a disciplina que se ocupa das hortaliças permite libertar o termo Horticultura para assumir em plenitude o seu conceito mais vasto, em consonância com o significado internacional.
Mas, terá esta designação legitimidade histórica?

Um argumento medieval

É interessante recuarmos no tempo e analisarmos o livro Etymologiae2 , escrito por Santo Isidoro de Sevilha no início do séc. VII.
O capítulo 17 (Liber XVII) desta obra, intitulado De rebus rusticis (acerca da agricultura) aborda a origem das palavras relacionadas com a agricultura e está subdividido nos seguintes títulos:
1. Sobre os escritores de temas agrícolas (De auctoribus rerum rusticarum)
2. Sobre o cultivo dos campos (De cultura agrorum)
3. Sobre os cereais (De frumentis)
4. Sobre as leguminosas (De leguminibus)
5. Sobre as videiras (De vitibus)
6. Sobre as árvores (De arboribus)
7. Sobre os nomes próprios das árvores (De propriis nominibus arborum)
8. Sobre as árvores aromáticas (De aromaticis arboribus)
9. Sobre as ervas aromáticas ou comuns (De herbis aromaticis sive communibus)
10. Sobre as hortaliças (De oleribus)
11. Sobre as hortaliças com cheiro (De odoratis oleribus)


OLERICULTURA X HORTICULTURA




É evidente, pela organização que S. Isidoro deu ao capítulo, que a forma como hoje agrupamos as culturas foi, no essencial, proposta pelos agrónomos romanos e mantinha-se no início da Idade Média. A leitura do Liber XVII é interessantíssima, mas a sua análise ficará fora do âmbito deste ensaio.
Almeida deteve-se apenas nalguns pontos que tratam das hortaliças.

Em De oleribus, S. Isidoro explica a etimologia de culturas como a pastinaca, o nabo, a mostarda, a alface, a cebola, o alho, o alho-francês, entre outras. Curiosamente, é aqui que são incluídos os fungos (fungi) e a trufa (tuber).
É também em De oleribus que o autor define horto: “O horto (hortus) recebe este nome porque nele sempre nasce algo. Enquanto em qualquer outra terra somente se dá uma produção por ano, o horto nunca permanece sem fruto”

Já o aipo, a salsa, o coentro, o funcho, a hortelã e a salva são abordadas no ponto dedicado às hortaliças com cheiro (De odoratis oleribus), enquanto o açafrão, o tomilho, o orégão, a artemísia, e o absinto, são discutidos conjuntamente com o gladíolo, a rosa, a hera, e a urtiga, no ponto intitulado “Ervas Aromáticas ou Comuns” (De herbis aromaticis sive communibus). Portanto temos base para o uso de Olerícolas.

Horticultura é a ciência, a tecnologia e as empresas envolvidas na produção de vegetais para consumo. Horticultura é a arte de cultivar plantas que crescem em hortos e pomares. O termo vem etimologicamente a partir das palavras latinas Hortus ( jardim , pomar , planta ) e cultura ( "cultura"), que significa "o cultivo em pomares ou jardins."

De acordo com a International Society for Horticultural Science  ISHS é necessário saber o que as culturas são adequadamente atribuídas a indústria hortícola.  São geralmente aceito por pesquisadores e educadores em ciência hortícolas que culturas hortícolas incluem:

-árvore, arbusto e frutos das videiras perenes;
-perenes arbusto e da árvore de casca rija;
-olerícolas (raízes, tubérculos, rebentos, caules, folhas, frutos e flores de plantas comestíveis e principalmente anual);
-folhagem aromática e medicinal, sementes e raízes (de plantas anuais ou perenes);
-flores de corte, plantas ornamentais em vasos e plantas ornamentais em potes (envolvendo plantas, tanto anuais ou perenes); e
-árvores, arbustos, relva e gramíneas ornamentais propagadas e produzidas em -viveiros para uso em paisagismo ou para o estabelecimento de pomares de frutas ou de outras unidades de produção agrícola.

Divisão da Agricultura

Podemos dividir os cultivos em:




Grandes culturas são as explorações das culturas anuais ou perenes, normalmente cultivadas em grandes áreas. Como exemplo pode-se citar o milho, a soja, o café, a cana de açúcar, o arroz, o feijão e o algodão, entre outras.

Forragicultura  é o ramo da agricultura que trabalha com as ditas plantas forrageiras, ou seja, as forragens destinadas à produção de alimentos para os animais, seja através de pastagens ou através de forrageiras para corte, as quais podem ser fornecidas no cocho tanto de forma fresca como em forma de silagem ou feno.
Silvicultura se ocupa das atividades ligadas ao cultivo das árvores. Ela tem sido tradicionalmente aplicada como um dos mais importantes instrumentos para a obtenção de matéria-prima destinada ao atendimento de diversas demandas, que vão do pequeno agricultor à grande indústria de base florestal. Tem se tornado também importante instrumento a contemplar as práticas de reflorestamento destinados ao atendimento de diversas demandas ecológicas e ambientais.

Horticultura: este é um ramo abrangente dentro da fitotecnia, já que aí se encontram algumas atividades especializadas.

Discutirei mais sobre isso no próximo post

HORTICULTURA

O moderno conceito de horticultura faz com que ela se ache, atualmente, dividida em 6 ramos distintos. Cada um destes ramos é constituído de plantas que possuem características bem definidas, ou então destacada importância econômica.
São os seguintes:
Olericultura: cultivo de plantas oleráceas, ou seja, das hortaliças. Constitui também um ramo de exploração de grande importância econômica que se destaca pelo seu caráter intensivo.
Fruticultura: trata-se do cultivo racional e econômico das plantas frutíferas. Entende-se como tal toda planta perene que produza frutos comestíveis, em seu estado natural não importando qual seja sua natureza: se arbórea, arbustiva ou trepadeira. Sob o ponto de vista econômico e extensivo, a fruticultura é um dos mais importantes ramos da horticultura.
Jardinocultura: trata-se do planejamento, conservação de jardins públicos ou particulares. Abrange também a arboricultura ornamental ou arborização. Esse ramo da horticultura é, no momento, de grande importância na vida do ser humano, pois faz parte do seu lazer.
Floricultura: ocupa-se dos cultivos das plantas arbustivas ou herbáceas tendo em vista a produção de flores.
Viveiricultura: produção de mudas de um modo geral, para os outros ramos da horticultura.
Cultura de Ervas Medicinais e Condimentares.