DANIEL ALBIERO
PORTAL DIA DE CAMPO
A palavra energia vem do grego: en= en ( em ) + ergon =ergon ( trabalho ) Energeia=Energéia (trabalho em ação). Portanto pela própria formação da palavra percebe-se que a “energéia” é o princípio ativo de qualquer sistema, seja ele um sistema biológico, ambiental ou físico. Platão (427 a.C/347 a.C.) já dizia: Se não existisse energéia, não existiria nada, assim a importância da energia na sociedade, tanto nos tempos antigos como atualmente é muito grande.
O conceito de energia somente começou a ser delineado de forma “precisa” no século XIX, quando os físicos a definiram como a capacidade de “algo” fazer “algo”. Atualmente a definição mais aceita é de Halliday (2008) que a define como a quantidade escalar (valor da energia) associada com o estado (condição) de um ou mais objetos. A bem da verdade o conceito de energia é altamente abstrato e se uma criança de 5 anos fizer 5 perguntas (por quês?) seguidas a qualquer físico, este terá que admitir que não sabe o que é a energia!
No entanto a ciência munida com o método científico, embora engatinhe nos conceitos mais básicos, consegue definir leis universais que possibilitam a compreensão da natureza. E em termos de energia a lei mais importante e incontestável é o princípio da conservação da energia: “A energia pode ser transformada de um tipo para outro, mas a quantidade total é sempre a mesma”, ou seja, a energia não pode ser destruída nem criada, mas somente transformada.
Neste contexto quando se escreve ou se fala de energia na agricultura estamos nos referindo a sistemas agrícolas onde ocorrem transformações de energia!! De forma mais simples e clara, não geramos, não consumimos, não produzimos energia na agricultura, somente realizamos operações que em ultima estância convertem energia de uma forma em outra.
Quando “consumimos” álcool etílico proveniente da cana-de-açúcar em nossos carros, na verdade estamos realizando inúmeras transformações energéticas que envolvem inúmeros processos que em ultima análise não consomem a energia do álcool etílico, mas somente a transforma em movimento mecânico do motor, que chamamos de energia útil e por outro lado o mesmo motor ocasiona o aquecimento do bloco do motor, o ruído do motor, o aumento de temperatura dos gases de escape e etc., que chamamos de energia desperdiçada.
O grande mote em todas as transformações da energia na agricultura não é a quantidade de energia transformada, mas sim a eficiência destas transformações, que está relacionada com o custo-benefício destas. Uma forma de medir esta eficiência é através do balanço energético da transformação. Por exemplo, ao se analisar a produção de álcool proveniente de milho em comparação ao álcool de cana-de-açúcar tem-se que para cada unidade de energia proveniente do álcool de milho é necessária a transformação 0,81 unidades de energia do petróleo, ou seja, o balanço energético é de 1: 1,24, enquanto que para a cana-de-açúcar a cada unidade de energia proveniente da cana é necessária a conversão de 0,124 unidades de energia do petróleo, portanto o balanço energético é de 1: 8,06. Neste exemplo fica claro que a energia proveniente do álcool de cana-de-açúcar tem um custo-benefício muito melhor do que o álcool de milho.
Na verdade as questões de energia na agricultura sempre vão se deparar com comparações de custo-benefício técnicas e econômicas, mas não menos importantes são as dimensões ambientais e sociais que a sociedade cada vez mais exige.
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