UTILIZAÇÃO DE ENERGIA NA AGRICULTURA
(PARTE 2)
DANIEL ALBIERO
PORTAL DIA DE CAMPO
A contradição na agricultura brasileira de que a mesma tenha uma matriz de consumo energética pouco renovável, embora produza agroenergia, ocorre devido ao consumo de combustíveis fósseis em máquinas e em fertilizantes. Para direcionar a discussão é interessante uma análise dos fluxos de energia da agricultura, Figura 1.
Pela Figura 1, percebe-se que todo o fluxo energético na agricultura tem um encaminhamento convergente em direção aos “insumos” que são produzidos “antes da porteira” e são convertidos pelo setor rural em “produtos” necessários à sociedade “depois da porteira”. Em cada setor desta figura há um dispêndio de energia para a realização dos processos e ativação dos sistemas e conseqüentemente uma conversão energética que subentende uma eficiência, que pela segunda lei da termodinâmica é sempre menor do que 1, ou seja “perdemos” energia. No fulcro deste sistema, o setor rural, a maior parcela do consumo energético é referente a utilização de máquinas agrícolas e fertilizantes, Figura 2, tanto nos países desenvolvidos como nos em desenvolvimento, caso do Brasil.
Pela Figura 2, observa-se que as duas maiores parcelas do dispêndio de energia são o preparo de solo (operação mecanizada) e os fertilizantes, mesmo no Sistema Plantio Direto de soja e milho, em que o preparo de solo é praticamente eliminado, o consumo de energia ocasionado pelas operações mecanizadas ainda é preponderante. Cabe lembrar que na etapa “fertilizantes” e “combate a pragas” parcela significativa da energia gasta se refere a sistemas mecanizados para distribuição de fertilizantes e aplicação de produtos fitosanitários. Como atualmente os motores de combustão interna movidos a diesel (combustível fóssil) são hegemônicos nas máquinas agrícolas, tem-se parte da explicação da contradição levantada.
Mas outro aspecto muito importante nesta contradição e recorrente na agricultura brasileira é que quase a totalidade dos fertilizantes nitrogenados e produtos fitosanitários utilizados no Brasil: ou são inteiramente provenientes de matérias primas fósseis (petróleo e gás natural); ou sua obtenção através de processos físico-químicos a partir do nitrogênio atmosférico necessita de enormes quantidades de energia, que é provida essencialmente por combustíveis fósseis!
No entanto as coisas poderiam ser de outra forma...mas isto é assunto para o próximo artigo desta série.
Bibliografia:
PRECCI LOPES, R. Energia na Agricultura. Disponível em http://www.ufrrj.br/institutos/it/deng/labmen/ensino.htm, acessado em 07/07/2010.
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