domingo, 18 de março de 2018

Historia da Agricultura (parte 2)

Era grego-romana
                                                      Camillo Rodrigues Junior
A agricultura na Grécia Antiga

A Grécia Antiga possuía uma economia dinâmica, sendo considerada uma das civilizações da antiguidade que apresentou grande desenvolvimento econômico. A agricultura, o artesanato e o comércio marítimo foram as principais atividades econômicas das cidades-estados gregas. Embora o território grego apresente muitas montanhas, a agricultura foi praticada nos vales férteis. A agricultura foi a base da economia na Grécia Antiga. Uvas, azeitonas e cereais foram os produtos agrícolas mais cultivados pelos gregos. As uvas foram muito usadas na produção de vinho, enquanto as azeitonas na de azeite. Ervas e vegetais também eram cultivados. Porém, conforme a população grega ia crescendo, sobretudo a partir do século V a.C., tornou-se necessária a importação de gêneros agrícolas. A pecuária não se desenvolveu muito na Grécia Antiga em função, principalmente, da falta de áreas destinadas ao pasto. A criação de cabras e ovelhas foram as atividades pecuárias que mais se desenvolveram.  Nas unidades de produção agrícola da Grécia Antiga era comum o emprego de mão-de-obra livre e também escrava.

A agricultura no Império Romano


A agricultura na Roma antiga era tida como uma das principais atividades realizadas para subsistência. . Cícero (106–43 a.C.) considerava a agricultura como a melhor de todas as ocupações romanas. Os agricultores enfrentavam problemas como os de hoje, tais como: imprevisibilidade do tempo, pragas. Por isso Catão (234–149 a.C.), Varrão (116–2 a.C.), Columela (4 d.C.–70) e Paládio (fim do século IV d.C. ou início do século V) escreveram manuais sobre práticas agrícolas. Além disso, estavam expostos à guerra e revolta dos escravos, já que Roma era um império muito grande. Boa parte das terras pertenciam aos aristocratas, e por conta disso não era raro não os encontrar em suas propriedades. A posse da terra era um fator dominante na distinção entre a aristocracia e as pessoas comuns. Quanto mais terra tivesse mais importante era um romano na cidade. Os soldados eram frequentemente recompensados com terra pelo comandante que serviam. Apesar das quintas dependerem de trabalho escravo, homens livres e cidadãos eram contratados pelas explorações agrícolas para supervisionarem os escravos e garantirem que os trabalhos decorriam sem problemas.  
A principal cultura era a espelta (A espelta ou trigo-vermelho (Triticum spelta é uma espécie da família das gramíneas, próxima do trigo. Muito consumida em partes da Europa desde a Idade do Bronze até a Idade Média, hoje é pouco plantada, embora ainda seja cultivada na Europa Central e na Itália) e o pão era o alimento básico em todas as mesas romanas. No seu tratado “De Agri Cultura”, do século II a.C., Catão escreveu que a melhor exploração agrícola é a vinha, a seguir a horta irrigada, plantação de salgueiros, olival, pastagem, terra de seara, floresta, vinha em latada e, por fim, azinhal (árvore para madeiras). Apesar de Roma ser abastecida pelas suas numerosas províncias obtidas militarmente, os romanos abastados desenvolveram a terra em Itália para produzirem várias colheitas
No século V a.C., as explorações agrícolas em Roma eram de pequena dimensão e de propriedade familiar. Na mesma época os gregos antigos já tinham começado a usar rotação de culturas e tinham propriedades agrícolas de grande extensão. O contato de Roma com Cartago, Grécia e o Oriente helénico nos séculos III e II a.C. contribuiu para o aperfeiçoamento dos métodos agrícolas romanos. A agricultura romana atingiu os seus máximos de produtividade e eficiência durante o fim da república e início do império.
As explorações agrícolas romanas podem dividir-se em três categorias em termos de tamanho: as pequenas tinham entre 18 e 108 iugera (equivalente a 4,5 a 27 hectares, considerando que 1 iugerum = 0,25 ha); as médias tinham entre 80 e 500 iugera (20 a 125 ha) e as grandes, chamadas latifundia (latifúndios), tinham mais de 500 iugera. Na fase final do período republicano o número de latifúndios aumentou. Os romanos ricos compravam terras aos camponeses que não conseguiam garantir o seu sustento. A partir de 200 a.C., os camponeses começaram a ser recrutados por períodos de tempo mais longos para combaterem nas Guerras Púnicas.

Relevo representando uma máquina de ceifar (vallus) galo-romana


Relevo representando a colheita de azeitona

As vacas produziam leite e os bois e mulas faziam os trabalhos agrícolas pesados. Ovelhas e cabras eram usadas para a produção de queijo e eram também valiosas por causa das suas peles. Os cavalos eram pouco usados na agricultura, mas eram criados pelos ricos para corridas ou para a guerra. Era também produzido mel e alguns romanos criavam também caracóis como comida de luxo.
Os romanos tinham quatro sistemas de gestão agrícola: trabalho direto pelo dono e a sua família; parceria rural, na qual o dono e o inquilino dividem a produção; trabalho forçado por escravos cujos donos eram aristocratas e que eram supervisionados por capatazes; e outras formas que passavam pelo arrendamento de terras.
Catão foi um político e estadista do período médio-final da república que descreveu uma quinta de 100 iugera. Na sua opinião, uma quinta dessa dimensão devia ter um capataz, a mulher de um capataz, dez trabalhadores, um condutor de bois, um condutor de burros, um encarregado da plantação de salgueiros e um guardador de porcos, num total de 16 pessoas; dois bois, dois burros para puxar carros, um burro para trabalhar no moinho; três prensas completamente equipadas, talhas de armazenamento na qual cinco colheitas de uva totalizando 800 cullei (413,600 litros) pudessem ser guardadas, vinte talhas para bagaço de uva, outras tantas para cereais, seis meias ânforas tapadas com vime, quatro ânforas tapadas com vime, dois funis, três filtros de vime, outros tantos para mergulhar a flor, dez talhas para o mosto, etc,



Lâmina de enxada

A responsabilidade pela propriedade e pela produção era deixada nas mãos de um feitor contratado. Ficava sob sua responsabilidade também os escravos e empregados nas plantações. As ferramentas utilizadas nas plantações e na vida dos romanos eram feitas por artesãos. Eles costumavam fazer de sapatos a arados. Assim como na agricultura egípcia, os romanos utilizavam o arado com auxílio de gado para semear a terra, assim como um arado que poderia ser usado por apenas uma pessoa.

Também provinham de instrumentos maiores para a realização da colheita, sempre como auxílio de animais, empregados e/ou escravos. A utilização de um animal junto a ceifadeira, por exemplo, já caracterizava aquela colheita como mecanizada.


Também cultivavam e extraiam o azeite das azeitonas, e para isso havia um moinho específico que poderia ser girado por homens ou por animais. Um desses foi encontrado em Cafarnaum, na Galileia.


Os romanos melhoraram suas plantações através de irrigação, que seguiam através de aquedutos. Hoje, já é possível ter muitas provas do quão mecanizadas estavam as plantações romanas, como vários moinhos de trigo, moinho para extração do azeite de oliva, ceifeiras, entre outras.






História da agricultura (parte 1)

As origens da agricultura
                                                      Camillo Rodrigues Junior

No período Paleolítico (500.000 a.C. a 10.000 a.C.), o homem ainda não conhecia a agricultura e a domesticação de animais e a subsistência era garantida com a coleta de frutos e raízes, além da pesca e da caça bastante diversificada de animais, tais como ursos, rinocerontes, elefantes, renas, cavalos, mamutes, entre outros. Para isso, empregavam-se instrumentos rudimentares, feitos de ossos, madeira ou lascas de pedra.


A escassez de alimentos e a hostilidade do meio ambiente obrigavam os grupos humanos a viver como nômades. A migração de animais e seres humanos também foi estimulada pelas profundas mudanças climáticas e ambientais que aconteceram naquele período. Assim, os homens primitivos foram ocupando as diversas regiões do globo. Enquanto andavam de um lugar para outro, foram percebendo que as sementes que caíam sobre a terra multiplicavam suas colheitas em poucos meses. É impossível saber a data exata em que o primeiro ser humano segurou uma semente em sua mão e pensou: "Se eu plantar isto no solo, eu saberei exatamente onde encontrarei comida em alguns meses." Com o surgimento da agricultura como fonte previsível e centralizada de alimentos, passaram a ter um incentivo para se fixarem. As cidades começaram a se formar.
Tornarem-se agricultores e, com isso, trocaram a vida nômade pela vida em pequenas aldeias. A abundância de cereais em algumas regiões, especialmente de aveia, trigo e cevada iniciou o processo de desenvolvimento agrícola pelos povos antigos.
No período Neolítico (10.000 a.C. a 4.000 a.C.) aconteceram grandes transformações, como o desenvolvimento da agricultura e a criação de animais. No final desse período, chamada de Idade dos Metais, os assírios, descobriram o ferro e isso levou a produção dos instrumentos agrícolas e de armas de guerra feitos de metais, possibilitando ainda mais o avanço da agricultura e as colheitas mais abundantes favoreceram o aumento da população

É nessa época que se inicia a base de nossa alimentação tradicional, que é a cultura de cereais, e principalmente de trigo e centeio, usados na fabricação de pães. Também começaram a ser produzidas bebidas e alimentos líquidos com o emprego de cereais: raízes, caules, grãos, vagens, brotos, cozidos, ensopados e condimentos. O que sabemos é que, por volta de 8.500 AC, os seres humanos no Crescente Fértil (uma região que compreende os atuais Egito, Israel, Turquia e Iraque), lentamente, começaram a plantar grãos, em vez de colhê-los na natureza.
Por volta de 7.000 AC, começaram também a domesticar animais como ovelhas, porcos e cabras. Mil anos mais tarde, domesticaram o gado. Desta forma, a agricultura começou a mudar não apenas os hábitos alimentares humanos, mas também a civilização.

A agricultura no Antigo Egito
A agricultura no Antigo Egito dependia da irrigação com aproveitamento e controle do fenômeno natural das cheias anuais do Nilo. Tal atividade é bastante conhecida, pois diversas cenas que a representam nos foram deixadas nas pinturas e relevos murais das tumbas. Os camponeses formavam a maioria absoluta da população e, portanto, a base da mão-de-obra para essa tarefa. A religião penetrava em todos os aspectos do cotidiano egípcio e na agricultura não poderia ser diferente. Todo ano os sacerdotes realizavam cerimônias que deveriam garantir a chegada da inundação. O faraó, por sua vez, agradecia solenemente a colheita abundante às divindades adequadas.
Os produtos básicos da agricultura eram os cereais, principalmente trigo duro, cevada, e linho. Figos, uvas, tâmaras, maças, rábanos, ervilhas e favas também estavam entre as produções do solo egípcio. O papiro era coletado nas terras pantanosas e utilizado não só para a alimentação, preparada com os seus rizomas, mas também como matéria-prima em produtos de uso variado. Cordas eram fabricadas a partir dos seus troncos e suas fibras permitiam confeccionar tecidos, desde os mais finos, para o vestuário elegante, até lonas grosseiras. Por sua vez, vimes, juncos e folhas de palmeiras tamareiras eram utilizados no fabrico de cestos e esteiras. O trabalho agrícola ocupava pouco mais de seis meses do ano e, assim, se dispunha de mão-de-obra abundante para trabalhos artesanais da aldeia, para conservação dos canais de irrigação e para as obras hoje ditas faraônicas: templos, palácios, monumentos e sepulcros.



Acima vemos um agricultor segurando uma enxada. Confeccionada em madeira pintada, a peça foi encontrada em Asyut e datada da VI dinastia (c. 2323 a 2150 a.C.).
Eram três as estações do ano típicas do país: a inundação, a saída e a colheita. A primeira estendia-se de julho a outubro e durante ela as águas elevavam-se, normalmente, até sete ou oito metros de altura; a segunda era marcada pelo reaparecimento das terras cultiváveis antes escondidas pelas águas, era a época da semeadura e ia de novembro a fevereiro; finalmente a colheita realizava-se de março a junho.

O semeador trazia da aldeia, nas costas, um cesto com duas asas. Chegando ao campo, enchia-o de grãos e atava-o ao pescoço com uma corda cumprida o bastante para que a sua mão pudesse tirar facilmente os grãos que espalharia pelo solo. Às vezes esse semear era realizado antes que as águas voltassem totalmente ao leito do rio, a fim de que se aproveitasse a terra amolecida pela inundação, o que facilitava o trabalho. Nesses casos, fazia-se com que o gado menor, geralmente carneiros, passasse sobre o campo para enterrar as sementes. O pastor agarrava num pouco de pasto e dava-o ao carneiro da frente que o seguia docilmente e arrastava consigo o resto do rebanho. Cabras e porcos também chegaram a ser usados nessa tarefa.


A agricultura na Mesopotâmia

Mesopotâmia (do grego, entre os rios) ficava entre os rios Tigre e Eufrates, no território do atual Iraque e adjacências. Com cheias dos rios as terras eram fertilizadas pelo limo e húmus (material orgânico em decomposição).

Os rios favoreciam a pesca e havia caça abundante e condições para criar animais nas margens dos rios. Agricultura era principal atividade mesopotâmica, destacando-se o cultivo de: cevada, trigo e tâmara. A agricultura estava ligada a pecuária, cuja criação mais importante era a bovina que fornecia carne (artigo de luxo), leite e couro, além de ser usado para puxar carroças e para o arado. Também se destacava criação de asno, muito usado para transporte terrestre.
Os rios tinham certa irregularidade no que diz respeito as suas cheias e dessa maneira tiveram que pensar em métodos que facilitassem a agricultura na região. Um desses métodos, foi a criação de um sistema de irrigação e drenagem que era possível através de construções de diversos diques e barragens, devido a isso precisava-se de planejamento e estocagem da produção, por isso organizou-se o Estado, como um meio de administrar essas necessidades. Os governantes aproveitaram-se da situação para enriquecerem. Assim, as terras, que antes eram comunais, passaram a ser do Estado e, com o tempo, as elites guerreiras tomaram as melhores terras que o governo controlava. Essa elite associou-se a sacerdotes e grandes comerciantes, formando a classe exploradora.

A agricultura na China Antiga

A civilização chinesa é uma das mais antigas conhecidas, quase tão antiga quanto as que existiram no Egito e na Mesopotâmia. O Império chinês já existia muitos séculos antes de Roma se tornar uma das maiores potências do mundo antigo e continuou existindo séculos após a queda do Império romano. Assim como a cultura grega serviu de modelo e inspiração para diversos povos do Ocidente, a cultura chinesa influenciou o desenvolvimento cultural de diversos países vizinhos, dentre os quais, o Japão e a Coreia. 
A China e como as civilizações  mesopotâmicas e a egípcia também se formou às margens de grandes rios: Huang-Ho (Rio Amarelo) e Yang-Tsé (Rio Azul). Por causa disso a economia chinesa se baseava na agricultura irrigada e no trabalho dos camponeses em regime de servidão coletiva (Modo de produção Asiático ou Oriental).
Pesquisas arqueológicas confirmam a existência de aldeias com agricultura (painço e arroz) e pecuária por volta de 9000 a.C. A cultura Liangzhu, formada às margens do Rio Azul por volta de 2600 A.C., já  teria se iniciado a produção de seda.

 

domingo, 29 de maio de 2016

Olericultura x Horticultura



Segundo Domingos P. F. Almeida, da Seção de Ciências Agrárias da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, (em seu artigo - De oleribus. Argumentos a favor da utilização do termo “olericultura” in: dalmeida.com/hortnet/apontamentos/olericultura.pdf)  a horticultura, no significado internacional do termo, engloba as fitotecnias em que as culturas são conduzidas com grande intensidade de atuação fitotécnica, justificada pelo elevado valor acrescentado dos seus produtos. A discussão sobre os termos adequados para designar as disciplinas hortícolas não é nova, nem se esgota neste ensaio, onde ele procura mostrar que a utilização do termo “olericultura”

1) é etimologicamente adequada;
2) contribui para a uniformização e clarificação da terminologia;
3) possui justificação histórico-linguística

O termo Horticultura é utilizado pela Associação Portuguesa de Horticultura em sentido lato, em consonância com a sua utilização nos círculos técnico-científicos internacionais, para designar a cultura de hortaliças, de fruteiras (incluindo a vinha), de plantas aromáticas e medicinais e de todas as plantas as plantas ornamentais. Assim sendo, a palavra tem necessariamente de ser adjetivada para se referir apenas às hortaliças

Etimologicamente a palavra “olericultura” significa cultura de hortaliças.
Mas será “olericultura” um termo apropriado para designar a disciplina que tem por objeto as hortaliças?

Olericultura é o termo atualmente utilizado pela Associação Portuguesa de Horticultura para designar uma vice-presidência, é nome de disciplina em diversas instituições portuguesas de ensino superior, dá nome à Sociedade técnico-científica brasileira que se ocupa do mesmo objeto. Universidades norte-americanas têm recentemente adoptado o termo olericulture para designar disciplinas onde se estudam as hortaliças, contra a tradição anglo-saxónica do simples vegetables.

Mas o termo olericultura e palavras com a mesma raiz estão disponíveis na língua portuguesa. O Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, editado no Brasil, onde a palavra olericultura é largamente utilizada nos círculos técnico-científicos, define olericultura como “cultura de hortaliças e legumes”.

A palavra “horticultura” existe no nosso idioma desde 1837 (Machado, 1967)1 .
Por que insistir agora em substituir um termo velho de quase 2 séculos por um nome que não é reconhecido pelo grande público e que grande parte daqueles que trabalham com as culturas ditas hortícolas tem dificuldade em aceitar?
Porque a utilização do termo Olericultura para designar a disciplina que se ocupa das hortaliças permite libertar o termo Horticultura para assumir em plenitude o seu conceito mais vasto, em consonância com o significado internacional.
Mas, terá esta designação legitimidade histórica?

Um argumento medieval

É interessante recuarmos no tempo e analisarmos o livro Etymologiae2 , escrito por Santo Isidoro de Sevilha no início do séc. VII.
O capítulo 17 (Liber XVII) desta obra, intitulado De rebus rusticis (acerca da agricultura) aborda a origem das palavras relacionadas com a agricultura e está subdividido nos seguintes títulos:
1. Sobre os escritores de temas agrícolas (De auctoribus rerum rusticarum)
2. Sobre o cultivo dos campos (De cultura agrorum)
3. Sobre os cereais (De frumentis)
4. Sobre as leguminosas (De leguminibus)
5. Sobre as videiras (De vitibus)
6. Sobre as árvores (De arboribus)
7. Sobre os nomes próprios das árvores (De propriis nominibus arborum)
8. Sobre as árvores aromáticas (De aromaticis arboribus)
9. Sobre as ervas aromáticas ou comuns (De herbis aromaticis sive communibus)
10. Sobre as hortaliças (De oleribus)
11. Sobre as hortaliças com cheiro (De odoratis oleribus)


OLERICULTURA X HORTICULTURA




É evidente, pela organização que S. Isidoro deu ao capítulo, que a forma como hoje agrupamos as culturas foi, no essencial, proposta pelos agrónomos romanos e mantinha-se no início da Idade Média. A leitura do Liber XVII é interessantíssima, mas a sua análise ficará fora do âmbito deste ensaio.
Almeida deteve-se apenas nalguns pontos que tratam das hortaliças.

Em De oleribus, S. Isidoro explica a etimologia de culturas como a pastinaca, o nabo, a mostarda, a alface, a cebola, o alho, o alho-francês, entre outras. Curiosamente, é aqui que são incluídos os fungos (fungi) e a trufa (tuber).
É também em De oleribus que o autor define horto: “O horto (hortus) recebe este nome porque nele sempre nasce algo. Enquanto em qualquer outra terra somente se dá uma produção por ano, o horto nunca permanece sem fruto”

Já o aipo, a salsa, o coentro, o funcho, a hortelã e a salva são abordadas no ponto dedicado às hortaliças com cheiro (De odoratis oleribus), enquanto o açafrão, o tomilho, o orégão, a artemísia, e o absinto, são discutidos conjuntamente com o gladíolo, a rosa, a hera, e a urtiga, no ponto intitulado “Ervas Aromáticas ou Comuns” (De herbis aromaticis sive communibus). Portanto temos base para o uso de Olerícolas.

Horticultura é a ciência, a tecnologia e as empresas envolvidas na produção de vegetais para consumo. Horticultura é a arte de cultivar plantas que crescem em hortos e pomares. O termo vem etimologicamente a partir das palavras latinas Hortus ( jardim , pomar , planta ) e cultura ( "cultura"), que significa "o cultivo em pomares ou jardins."

De acordo com a International Society for Horticultural Science  ISHS é necessário saber o que as culturas são adequadamente atribuídas a indústria hortícola.  São geralmente aceito por pesquisadores e educadores em ciência hortícolas que culturas hortícolas incluem:

-árvore, arbusto e frutos das videiras perenes;
-perenes arbusto e da árvore de casca rija;
-olerícolas (raízes, tubérculos, rebentos, caules, folhas, frutos e flores de plantas comestíveis e principalmente anual);
-folhagem aromática e medicinal, sementes e raízes (de plantas anuais ou perenes);
-flores de corte, plantas ornamentais em vasos e plantas ornamentais em potes (envolvendo plantas, tanto anuais ou perenes); e
-árvores, arbustos, relva e gramíneas ornamentais propagadas e produzidas em -viveiros para uso em paisagismo ou para o estabelecimento de pomares de frutas ou de outras unidades de produção agrícola.

Divisão da Agricultura

Podemos dividir os cultivos em:




Grandes culturas são as explorações das culturas anuais ou perenes, normalmente cultivadas em grandes áreas. Como exemplo pode-se citar o milho, a soja, o café, a cana de açúcar, o arroz, o feijão e o algodão, entre outras.

Forragicultura  é o ramo da agricultura que trabalha com as ditas plantas forrageiras, ou seja, as forragens destinadas à produção de alimentos para os animais, seja através de pastagens ou através de forrageiras para corte, as quais podem ser fornecidas no cocho tanto de forma fresca como em forma de silagem ou feno.
Silvicultura se ocupa das atividades ligadas ao cultivo das árvores. Ela tem sido tradicionalmente aplicada como um dos mais importantes instrumentos para a obtenção de matéria-prima destinada ao atendimento de diversas demandas, que vão do pequeno agricultor à grande indústria de base florestal. Tem se tornado também importante instrumento a contemplar as práticas de reflorestamento destinados ao atendimento de diversas demandas ecológicas e ambientais.

Horticultura: este é um ramo abrangente dentro da fitotecnia, já que aí se encontram algumas atividades especializadas.

Discutirei mais sobre isso no próximo post

HORTICULTURA

O moderno conceito de horticultura faz com que ela se ache, atualmente, dividida em 6 ramos distintos. Cada um destes ramos é constituído de plantas que possuem características bem definidas, ou então destacada importância econômica.
São os seguintes:
Olericultura: cultivo de plantas oleráceas, ou seja, das hortaliças. Constitui também um ramo de exploração de grande importância econômica que se destaca pelo seu caráter intensivo.
Fruticultura: trata-se do cultivo racional e econômico das plantas frutíferas. Entende-se como tal toda planta perene que produza frutos comestíveis, em seu estado natural não importando qual seja sua natureza: se arbórea, arbustiva ou trepadeira. Sob o ponto de vista econômico e extensivo, a fruticultura é um dos mais importantes ramos da horticultura.
Jardinocultura: trata-se do planejamento, conservação de jardins públicos ou particulares. Abrange também a arboricultura ornamental ou arborização. Esse ramo da horticultura é, no momento, de grande importância na vida do ser humano, pois faz parte do seu lazer.
Floricultura: ocupa-se dos cultivos das plantas arbustivas ou herbáceas tendo em vista a produção de flores.
Viveiricultura: produção de mudas de um modo geral, para os outros ramos da horticultura.
Cultura de Ervas Medicinais e Condimentares.

quarta-feira, 4 de março de 2015

TIPOS DE ENERGIA UTILIZADOS NA AGRICULTURA


 
DANIEL ALBIERO
 
PORTAL DIA DE CAMPO

A atividade agrícola utiliza inúmeros tipos ou formas de energia, cada uma delas representa uma gama enorme de aplicações, sem falar dos processos e transformações envolvidas, mas em geral as formas de energia utilizadas na agricultura poderiam se resumir à energia potencial, energia cinética, energia eletromagnética e energia nuclear.
A energia potencial se refere a uma possibilidade, ou seja, a energia está “armazenada” em um estado latente ou se preferir “dormente”, portanto, não está atuando naquele instante, mas PODE atuar a qualquer momento, bastando um “gatilho”, ou ação que POTENCIALMENTE libere esta energia. A agricultura usa e armazena muita energia potencial!!! Uma das mais importantes é a energia potencial química recorrente a todas as reações bioquímicas e fotossintéticas (ligação de moléculas, quebra de moléculas, ATP, etc.). Enfim, o termo agroenergia é sinônimo de energia potencial química.
O biodiesel é POTENCIALMENTE uma fonte de energia, mas é preciso que o mesmo seja utilizado em um motor diesel de tal forma que a energia armazenada nas moléculas de biodiesel (ésteres) seja liberada a fim de mover um pistão que através de um mecanismo biela-manivela fará girar um eixo (eixo de manivelas ou virabrequim), que movimentará um trator. Por outro lado se o biodiesel for usado, por exemplo, somente como lubrificante, este não liberará sua energia POTENCIAL, aliás, as empresas que extraem petróleo nem querem que suas perfuratrizes comecem a liberar a energia potencial do biodiesel, pois o interesse é somente que o mesmo as lubrifique.
Retomando o exemplo do virabrequim, este movimento rotativo proveniente da conversão da energia potencial química do biodiesel, se refere a outro tipo de energia, a energia cinética. A palavra cinética vem do grego kinetiké, que significa MOVIMENTO. Portanto a energia cinética é a energia do movimento, e envolve principalmente as grandezas aceleração (rotativa ou linear), velocidade (rotativa ou linear) e a massa de um corpo, de tal forma que a energia cinética é proporcional a MOVIMENTAÇÃO de uma massa a uma velocidade, e uma consideração importante, a energia cinética é muito mais influenciada pela velocidade do que pela massa, assim um objeto, por exemplo, uma caminhão carregado com cana-de-açúcar pesando no total 25 toneladas viajando a 50 km/h tem a mesma energia CINÈTICA que um carro de 800 kg viajando a 280 km/h, perceba que o carro tem 31 vezes menos massa que o caminhão e sua velocidade é somente 5,6 maior que a do caminhão, no entanto o estrago de uma batida com o caminhão e com o carro, nestas condições, é o mesmo.
A energia eletromagnética se trata da interação entre um campo elétrico e um campo magnético, em outras palavras cargas elétricas se movimentando geram um campo magnético e um campo magnético variando (se “movimentando”) faz com que cargas elétricas entrem em movimento (formação de um campo elétrico) - (no fundo é aquela velha questão: quem vem primeiro o ovo ou a galinha). Bem, o importante para a agricultura é que a energia ELETROMAGNÉTICA é transmitida por ondas eletromagnéticas, e de todas as ondas eletromagnéticas a mais conhecida e importante para a agricultura é a LUZ do SOL. Na verdade a energia eletromagnética proveniente da luz do sol é originária das reações atômicas e nucleares que ocorrem no Sol, que em ultima instância são provenientes da energia NUCLEAR. Cabe uma ressalva, se na Terra existem energias (qualquer energia) mesmo a POTENCIAL e a CINÉTICA, é porque o SOL as transferiu. Portanto toda a Agricultura, todos Nós, a Terra inteira, assim como o Sistema Solar todo, existem graças à energia NUCLEAR do SOL.
Desconsiderando a fonte de tudo, a energia NUCLEAR do SOL, em um sistema mais localizado como a agricultura, diversos tipos de energia atuam e se inter-relacionam nas transformações energéticas. E estas transformações sempre estarão relacionadas com uma ou outra das formas potencial, cinética ou eletromagnética. Assim, quando uma grande fazenda resolve instalar um MCH (Mini Central Hidrelétrica), ela está usufruindo de uma queda d´água que armazena energia POTENCIAL gravitacional da água, pois a água está em um nível mais alto, e esta ao descer deste desnível (gatilho) converte a energia potencial gravitacional em energia CINÉTICA da água (este conjunto Potencial/Cinética também é conhecido como energia hidráulica), esta energia cinética faz uma turbina girar (energia hidrodinâmica) que aciona um gerador que transforma este energia CINÉTICA em energia POTENCIAL elétrica que pode ser conduzida até lâmpadas especiais dentro de uma estufa, e estas lâmpadas podem converter a energia potencial elétrica em energia ELETROMAGNÉTICA na forma de ondas eletromagnéticas (LUZ) que tenham uma freqüência específica para melhorar a fotossíntese de uma planta qualquer, assim aumentando o armazenamento de energia POTENCIAL química na forma de glicose e celulose, a celulose por sua vez poderia ser utilizada como combustível sólido que seria queimado em uma caldeira liberando a energia POTENCIAL química e gerando calor que faria as moléculas de água aumentarem sua energia CINÈTICA e por conseqüência sua temperatura, assim fazendo com que a água se evapore e o vapor conduziria esta energia térmica (CINÉTICA das moléculas) para um sistema de destilação de álcool que separaria as moléculas de álcool, que em ultima instância são energia POTENCIAL química convertida da energia NUCLEAR do SOL. Outra derivação da mesma energia potencial elétrica poderia ser a utilização para gerar calor através de resistências elétricas montadas em uma granja de frangos, para aquecê-los no frio, este calor nada mais é do que energia térmica irradiada (energia ELETROMAGNÉTICA) das resistências elétricas como ondas eletromagnéticas, entre elas a mais intensa é o infravermelho, estas ondas infravermelho agitam as moléculas de ar na granja aumentando assim a energia CINÉTICA destas, elevando, por conseguinte a temperatura do ar da granja.