domingo, 18 de março de 2018

História da agricultura (parte 1)

As origens da agricultura
                                                      Camillo Rodrigues Junior

No período Paleolítico (500.000 a.C. a 10.000 a.C.), o homem ainda não conhecia a agricultura e a domesticação de animais e a subsistência era garantida com a coleta de frutos e raízes, além da pesca e da caça bastante diversificada de animais, tais como ursos, rinocerontes, elefantes, renas, cavalos, mamutes, entre outros. Para isso, empregavam-se instrumentos rudimentares, feitos de ossos, madeira ou lascas de pedra.


A escassez de alimentos e a hostilidade do meio ambiente obrigavam os grupos humanos a viver como nômades. A migração de animais e seres humanos também foi estimulada pelas profundas mudanças climáticas e ambientais que aconteceram naquele período. Assim, os homens primitivos foram ocupando as diversas regiões do globo. Enquanto andavam de um lugar para outro, foram percebendo que as sementes que caíam sobre a terra multiplicavam suas colheitas em poucos meses. É impossível saber a data exata em que o primeiro ser humano segurou uma semente em sua mão e pensou: "Se eu plantar isto no solo, eu saberei exatamente onde encontrarei comida em alguns meses." Com o surgimento da agricultura como fonte previsível e centralizada de alimentos, passaram a ter um incentivo para se fixarem. As cidades começaram a se formar.
Tornarem-se agricultores e, com isso, trocaram a vida nômade pela vida em pequenas aldeias. A abundância de cereais em algumas regiões, especialmente de aveia, trigo e cevada iniciou o processo de desenvolvimento agrícola pelos povos antigos.
No período Neolítico (10.000 a.C. a 4.000 a.C.) aconteceram grandes transformações, como o desenvolvimento da agricultura e a criação de animais. No final desse período, chamada de Idade dos Metais, os assírios, descobriram o ferro e isso levou a produção dos instrumentos agrícolas e de armas de guerra feitos de metais, possibilitando ainda mais o avanço da agricultura e as colheitas mais abundantes favoreceram o aumento da população

É nessa época que se inicia a base de nossa alimentação tradicional, que é a cultura de cereais, e principalmente de trigo e centeio, usados na fabricação de pães. Também começaram a ser produzidas bebidas e alimentos líquidos com o emprego de cereais: raízes, caules, grãos, vagens, brotos, cozidos, ensopados e condimentos. O que sabemos é que, por volta de 8.500 AC, os seres humanos no Crescente Fértil (uma região que compreende os atuais Egito, Israel, Turquia e Iraque), lentamente, começaram a plantar grãos, em vez de colhê-los na natureza.
Por volta de 7.000 AC, começaram também a domesticar animais como ovelhas, porcos e cabras. Mil anos mais tarde, domesticaram o gado. Desta forma, a agricultura começou a mudar não apenas os hábitos alimentares humanos, mas também a civilização.

A agricultura no Antigo Egito
A agricultura no Antigo Egito dependia da irrigação com aproveitamento e controle do fenômeno natural das cheias anuais do Nilo. Tal atividade é bastante conhecida, pois diversas cenas que a representam nos foram deixadas nas pinturas e relevos murais das tumbas. Os camponeses formavam a maioria absoluta da população e, portanto, a base da mão-de-obra para essa tarefa. A religião penetrava em todos os aspectos do cotidiano egípcio e na agricultura não poderia ser diferente. Todo ano os sacerdotes realizavam cerimônias que deveriam garantir a chegada da inundação. O faraó, por sua vez, agradecia solenemente a colheita abundante às divindades adequadas.
Os produtos básicos da agricultura eram os cereais, principalmente trigo duro, cevada, e linho. Figos, uvas, tâmaras, maças, rábanos, ervilhas e favas também estavam entre as produções do solo egípcio. O papiro era coletado nas terras pantanosas e utilizado não só para a alimentação, preparada com os seus rizomas, mas também como matéria-prima em produtos de uso variado. Cordas eram fabricadas a partir dos seus troncos e suas fibras permitiam confeccionar tecidos, desde os mais finos, para o vestuário elegante, até lonas grosseiras. Por sua vez, vimes, juncos e folhas de palmeiras tamareiras eram utilizados no fabrico de cestos e esteiras. O trabalho agrícola ocupava pouco mais de seis meses do ano e, assim, se dispunha de mão-de-obra abundante para trabalhos artesanais da aldeia, para conservação dos canais de irrigação e para as obras hoje ditas faraônicas: templos, palácios, monumentos e sepulcros.



Acima vemos um agricultor segurando uma enxada. Confeccionada em madeira pintada, a peça foi encontrada em Asyut e datada da VI dinastia (c. 2323 a 2150 a.C.).
Eram três as estações do ano típicas do país: a inundação, a saída e a colheita. A primeira estendia-se de julho a outubro e durante ela as águas elevavam-se, normalmente, até sete ou oito metros de altura; a segunda era marcada pelo reaparecimento das terras cultiváveis antes escondidas pelas águas, era a época da semeadura e ia de novembro a fevereiro; finalmente a colheita realizava-se de março a junho.

O semeador trazia da aldeia, nas costas, um cesto com duas asas. Chegando ao campo, enchia-o de grãos e atava-o ao pescoço com uma corda cumprida o bastante para que a sua mão pudesse tirar facilmente os grãos que espalharia pelo solo. Às vezes esse semear era realizado antes que as águas voltassem totalmente ao leito do rio, a fim de que se aproveitasse a terra amolecida pela inundação, o que facilitava o trabalho. Nesses casos, fazia-se com que o gado menor, geralmente carneiros, passasse sobre o campo para enterrar as sementes. O pastor agarrava num pouco de pasto e dava-o ao carneiro da frente que o seguia docilmente e arrastava consigo o resto do rebanho. Cabras e porcos também chegaram a ser usados nessa tarefa.


A agricultura na Mesopotâmia

Mesopotâmia (do grego, entre os rios) ficava entre os rios Tigre e Eufrates, no território do atual Iraque e adjacências. Com cheias dos rios as terras eram fertilizadas pelo limo e húmus (material orgânico em decomposição).

Os rios favoreciam a pesca e havia caça abundante e condições para criar animais nas margens dos rios. Agricultura era principal atividade mesopotâmica, destacando-se o cultivo de: cevada, trigo e tâmara. A agricultura estava ligada a pecuária, cuja criação mais importante era a bovina que fornecia carne (artigo de luxo), leite e couro, além de ser usado para puxar carroças e para o arado. Também se destacava criação de asno, muito usado para transporte terrestre.
Os rios tinham certa irregularidade no que diz respeito as suas cheias e dessa maneira tiveram que pensar em métodos que facilitassem a agricultura na região. Um desses métodos, foi a criação de um sistema de irrigação e drenagem que era possível através de construções de diversos diques e barragens, devido a isso precisava-se de planejamento e estocagem da produção, por isso organizou-se o Estado, como um meio de administrar essas necessidades. Os governantes aproveitaram-se da situação para enriquecerem. Assim, as terras, que antes eram comunais, passaram a ser do Estado e, com o tempo, as elites guerreiras tomaram as melhores terras que o governo controlava. Essa elite associou-se a sacerdotes e grandes comerciantes, formando a classe exploradora.

A agricultura na China Antiga

A civilização chinesa é uma das mais antigas conhecidas, quase tão antiga quanto as que existiram no Egito e na Mesopotâmia. O Império chinês já existia muitos séculos antes de Roma se tornar uma das maiores potências do mundo antigo e continuou existindo séculos após a queda do Império romano. Assim como a cultura grega serviu de modelo e inspiração para diversos povos do Ocidente, a cultura chinesa influenciou o desenvolvimento cultural de diversos países vizinhos, dentre os quais, o Japão e a Coreia. 
A China e como as civilizações  mesopotâmicas e a egípcia também se formou às margens de grandes rios: Huang-Ho (Rio Amarelo) e Yang-Tsé (Rio Azul). Por causa disso a economia chinesa se baseava na agricultura irrigada e no trabalho dos camponeses em regime de servidão coletiva (Modo de produção Asiático ou Oriental).
Pesquisas arqueológicas confirmam a existência de aldeias com agricultura (painço e arroz) e pecuária por volta de 9000 a.C. A cultura Liangzhu, formada às margens do Rio Azul por volta de 2600 A.C., já  teria se iniciado a produção de seda.

 

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