As origens da agricultura
Camillo Rodrigues Junior
No período
Paleolítico (500.000 a.C. a 10.000 a.C.), o homem ainda não conhecia a
agricultura e a domesticação de animais e a subsistência era garantida com a
coleta de frutos e raízes, além da pesca e da caça bastante diversificada de
animais, tais como ursos, rinocerontes, elefantes, renas, cavalos, mamutes,
entre outros. Para isso, empregavam-se instrumentos rudimentares, feitos de
ossos, madeira ou lascas de pedra.
A escassez
de alimentos e a hostilidade do meio ambiente obrigavam os grupos humanos a
viver como nômades. A migração de animais e seres humanos também foi estimulada
pelas profundas mudanças climáticas e ambientais que aconteceram naquele
período. Assim, os homens primitivos foram ocupando as diversas regiões do
globo. Enquanto andavam de um lugar para outro, foram percebendo que as
sementes que caíam sobre a terra multiplicavam suas colheitas em poucos meses. É impossível saber a data exata em
que o primeiro ser humano segurou uma semente em sua mão e pensou: "Se eu plantar
isto no solo, eu saberei exatamente onde encontrarei comida em alguns meses."
Com o surgimento da agricultura como fonte previsível e centralizada de alimentos,
passaram a ter um incentivo para se fixarem. As cidades começaram a se formar.
Tornarem-se
agricultores e, com isso, trocaram a vida nômade pela vida em pequenas aldeias.
A abundância de cereais em algumas regiões, especialmente de aveia, trigo e
cevada iniciou o processo de desenvolvimento agrícola pelos povos antigos.
No período
Neolítico (10.000 a.C. a 4.000 a.C.) aconteceram grandes transformações, como o
desenvolvimento da agricultura e a criação de animais. No final desse período, chamada
de Idade dos Metais, os assírios, descobriram o ferro e isso levou a produção dos
instrumentos agrícolas e de armas de guerra feitos de metais, possibilitando
ainda mais o avanço da agricultura e as colheitas mais abundantes
favoreceram o aumento da população
É nessa
época que se inicia a base de nossa alimentação tradicional, que é a cultura de
cereais, e principalmente de trigo e centeio, usados na fabricação de pães.
Também começaram a ser produzidas bebidas e alimentos líquidos com o emprego de
cereais: raízes, caules, grãos, vagens, brotos, cozidos, ensopados e
condimentos. O que sabemos é que,
por volta de 8.500 AC, os seres humanos no Crescente Fértil (uma região que compreende
os atuais Egito, Israel, Turquia e Iraque), lentamente, começaram a plantar grãos,
em vez de colhê-los na natureza.
Por volta de 7.000 AC, começaram também a domesticar animais como ovelhas,
porcos e cabras. Mil anos mais tarde, domesticaram o gado. Desta forma, a agricultura
começou a mudar não apenas os hábitos alimentares humanos, mas também a civilização.
A agricultura no Antigo Egito
A agricultura no Antigo Egito dependia da irrigação com aproveitamento e
controle do fenômeno natural das cheias anuais do Nilo. Tal atividade é bastante
conhecida, pois diversas cenas que a representam nos foram deixadas nas pinturas
e relevos murais das tumbas. Os camponeses formavam a maioria absoluta da população
e, portanto, a base da mão-de-obra para essa tarefa. A religião penetrava em todos
os aspectos do cotidiano egípcio e na agricultura não poderia ser diferente. Todo
ano os sacerdotes realizavam cerimônias que deveriam garantir a chegada da inundação.
O faraó, por sua vez, agradecia solenemente a colheita abundante às divindades adequadas.
Os produtos básicos da agricultura
eram os cereais, principalmente trigo duro, cevada, e linho. Figos, uvas, tâmaras,
maças, rábanos, ervilhas e favas também estavam entre as produções do solo egípcio.
O papiro era coletado nas terras pantanosas e utilizado não só para a alimentação,
preparada com os seus rizomas, mas também como matéria-prima em produtos de uso
variado. Cordas eram fabricadas a partir dos seus troncos e suas fibras permitiam
confeccionar tecidos, desde os mais finos, para o vestuário elegante, até lonas
grosseiras. Por sua vez, vimes, juncos e folhas de palmeiras tamareiras eram utilizados
no fabrico de cestos e esteiras. O trabalho agrícola ocupava pouco mais de seis
meses do ano e, assim, se dispunha de mão-de-obra abundante para trabalhos artesanais
da aldeia, para conservação dos canais de irrigação e para as obras hoje ditas faraônicas:
templos, palácios, monumentos e sepulcros.
Acima vemos um agricultor segurando
uma enxada. Confeccionada em madeira pintada, a peça foi encontrada em Asyut e datada
da VI dinastia (c. 2323 a 2150 a.C.).
Eram três as estações do ano típicas
do país: a inundação, a saída e a colheita. A primeira estendia-se de julho a outubro
e durante ela as águas elevavam-se, normalmente, até sete ou oito metros de altura;
a segunda era marcada pelo reaparecimento das terras cultiváveis antes escondidas
pelas águas, era a época da semeadura e ia de novembro a fevereiro; finalmente a
colheita realizava-se de março a junho.
O semeador trazia da aldeia, nas costas,
um cesto com duas asas. Chegando ao campo, enchia-o de grãos e atava-o ao pescoço
com uma corda cumprida o bastante para que a sua mão pudesse tirar facilmente os
grãos que espalharia pelo solo. Às vezes esse semear era realizado antes que as
águas voltassem totalmente ao leito do rio, a fim de que se aproveitasse a terra
amolecida pela inundação, o que facilitava o trabalho. Nesses casos, fazia-se com
que o gado menor, geralmente carneiros, passasse sobre o campo para enterrar as
sementes. O pastor agarrava num pouco de pasto e dava-o ao carneiro da frente que
o seguia docilmente e arrastava consigo o resto do rebanho. Cabras e porcos também
chegaram a ser usados nessa tarefa.
A agricultura na Mesopotâmia
Mesopotâmia (do grego, entre os rios)
ficava entre os rios Tigre e Eufrates, no território do atual Iraque e adjacências.
Com cheias dos rios as terras eram fertilizadas pelo limo e húmus (material orgânico
em decomposição).
Os rios favoreciam a pesca e havia
caça abundante e condições para criar animais nas margens dos rios. Agricultura
era principal atividade mesopotâmica, destacando-se o cultivo de: cevada, trigo
e tâmara. A agricultura estava ligada a pecuária, cuja criação mais importante era
a bovina que fornecia carne (artigo de luxo), leite e couro, além de ser usado para
puxar carroças e para o arado. Também se destacava criação de asno, muito usado
para transporte terrestre.
Os rios
tinham certa irregularidade no que diz respeito as suas cheias e dessa maneira
tiveram que pensar em métodos que facilitassem a agricultura na região. Um
desses métodos, foi a criação de um sistema de irrigação e drenagem que era possível
através de construções de diversos diques e barragens, devido a isso precisava-se de planejamento
e estocagem da produção, por isso organizou-se o Estado, como um meio de administrar
essas necessidades. Os governantes aproveitaram-se da situação para enriquecerem.
Assim, as terras, que antes eram comunais, passaram a ser do Estado e, com o tempo,
as elites guerreiras tomaram as melhores terras que o governo controlava. Essa elite
associou-se a sacerdotes e grandes comerciantes, formando a classe exploradora.
A agricultura na China Antiga
A civilização chinesa é uma das mais
antigas conhecidas, quase tão antiga quanto as que existiram no Egito e na Mesopotâmia. O Império chinês já existia muitos
séculos antes de Roma se tornar uma das maiores potências do
mundo antigo e continuou existindo séculos após a queda do Império romano. Assim
como a cultura grega serviu de modelo e inspiração para diversos povos do Ocidente,
a cultura chinesa influenciou o desenvolvimento cultural de diversos países vizinhos,
dentre os quais, o Japão e a Coreia.
A China e como as civilizações mesopotâmicas e a egípcia também se formou às
margens de grandes rios: Huang-Ho (Rio Amarelo) e Yang-Tsé (Rio Azul). Por causa
disso a economia chinesa se baseava na agricultura irrigada e no trabalho dos camponeses
em regime de servidão coletiva (Modo de produção Asiático ou Oriental).
Pesquisas arqueológicas confirmam a
existência de aldeias com agricultura (painço e arroz) e pecuária por volta de 9000
a.C. A cultura Liangzhu, formada às margens do Rio Azul por volta de 2600 A.C.,
já teria se iniciado a produção de seda.
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